sexta-feira, 10 de outubro de 2008

You've Got Mail





Ontem eu estava assistindo esse filme, Mens@gem Para Você (You've Got Mail) e milhares de coisas começaram a passar pela minha cabeça.

O filme foi feito em 1998 e conta a história de duas pessoas que se conheceram por um Instant Messenger(da AOL, propaganda legal, pena que nunca usei esse) e acabaram se apaixonando. Pouco a pouco, a vida normal que eles tinham vai sendo modificada e influenciada por um relacionamento virtual. Duas pessoas que sequer sabem o nome uma da outra, que nunca se viram, no entanto, se tornam dependentes, confidentes...

Pena que nem tudo é perfeito. Se no mundo virtual Kathleen e Joe se adoram, no real são inimigos. Kath é dona de uma pequena loja de livros para crianças que está quase indo a falência por causa da megastore de Joe. Mal sabem eles que a noite, após tantos conflitos de dia, acabam desabando um com o outro justamente sobre eles mesmos.

O filme, como todo bom romance, tem um final feliz. Kathleen e Joe acabam se apaixonando de forma bem real e terminam juntos.

Mas e na vida real? Será que relacionamentos virtuais conseguem funcionar tão bem quanto os reais? Hoje, dez anos após o filme, o assunto ainda é extremamente pertinente.

O Instant Messenger da AOL acabou dando lugar ao MSN da Microsoft, aliado ao Orkut do Google. Juntos, provavelmente, esse é o casal mais perfeito do mundo virtual. E talvez, um dos poucos que sobrevive a tanto tempo.

Relacionamentos virtuais acabaram se tornando rotineiros tanto quanto os reais. Duas pessoas se conhecem pelo orkut, trocam alguns scraps, se adicionam e, em algumas horas vão para o primeiro encontro: se adicionam no MSN.

Sim, o MSN pode ser considerado o primeiro encontro virtual. Se a relação sobreviver a ele, terá grandes chances de prosseguir pra próxima fase. No MSN a conversa é em tempo real. Não dá tempo para pensar ou você corre o risco da outra pessoa se achar pouco interessante pela sua demora e ficar offline. Outro problema é o assunto. Num encontro em carne e osso, assunto acaba sendo detalhe, se não há o que falar, basta beijar. No MSN é parte essencial. Um silêncio prolongado pode resultar num block imediato.

Também há outros problemas, como a escrita da pessoa. Chega ser cómico que para se namorar hoje em dia, seja necessário saber escrever (ao menos pra me namorar, definitivamente é). Ou um dos lados pode sofrer uma grande decepção portuguesa. Peguemos um exemplo. Um tempo atrás fui numa festa e conheci um garoto. Conheci é forma de falar, tudo que fiz foi apenas vê-lo de longe, sequer trocamos uma palavra. Mas fiquei fascinada por ele, tão fascinada a ponto de querer saber mais de sua vida. E la vou eu, nesse magnifico mundo moderno. Após algumas buscas pelo orkut, hi5, blogs e similares, descobri várias coisas, até mesmo o que ele gosta de comer e seu esporte preferido (o que me leva a pensar sobre privacidade, mas isso é assunto pra outro dia). E sim, o garoto era perfeito. Bonitinho, aparentemente inteligente, com gostos parecidos com os meus mas sem ser uma cópia minha. Era hora do teste final, adicionar dando oi. Não foi muito fácil, raramente adiciono alguém que não conheço, mas pensei que esse iria valer a pena. A recepção foi boa, exceto pela parte em que ele troca todos os "q" por "k", "s" por "x", "ão" por "aum", além da risadinha virtual que eu mais detesto o "rsrs". Ou seja, o garoto perfeito se tornou brochante. Talvez, se tivesse sido no mundo real, o resultado fosse outro.

Mas voltemos ao assunto principal: encontros pelo MSN. A medida que a conversa vai se tornando mais íntima, cada um vai conhecendo ainda mais do outro, seus gostos, sonhos, desejos. Pessoas chegam se tornar tão próximas a ponto de uma saber do humor da outra apenas pela forma de dar bom dia. Aos poucos - normalmente isso tudo é bem rápido, afinal estamos no mundo virtual, não há porque perder tempo - o "casal" passa a trocar fotos, ligar webcam, realizar conversas por voz. A presença de um na vida do outro se torna tão grande que eles até mesmo esquecem que nunca se viram de verdade.

Se pessoalmente há o frio na barriga, o coração acelerado, a mão fria ao chegar perto do seu "interesse amoroso", pela internet também há. Várias vezes meu coração se acelerou ao ver uma janelinha do MSN subir indicando que "ele" estava online. O friozinho na barriga ao ver um scrap no orkut... O mundo realmente está virtual, até mesmo as emoções são virtuais (novamente isso rende outro assunto, do quanto nos tornamos dependentes de emoticons e similares). A propósito, isso é bem mostrado no filme, o tanto que a personagem da Meg Ryan gela ao escutar essas palavrinhas mágicas "You've got mail".

Por fim, após os vários encontros via MSN é hora de passar pra próxima fase do relacionamento virtual, marcar um encontro real. Talvez esse momento seja ainda mais complicado. Duas pessoas que se conhecem completamente mas que nunca se viram. A reação pode não ser a esperada. As vezes, alguém descontraído na net se torna muito tímido pessoalmente. No filme, o primeiro encontro deles não deu muito certo, afinal Joe a reconheceu como sua inimiga e amarelou, dando um belo bolo na pobre "Shopgirl", seu nickname virtual.

Depois desse encontro real, as coisas tendem então a ficar mais difíceis. O namoro virtual se torna chato, a vontade de se estar com a pessoa vai só aumentando e cada dia o MSN vai ficando menos atrativo e mais irritante. Mas, se após tudo isso o casal ainda conseguir ficar junto, então há uma chance desse relacionamento moderno realmente dar certo.

Pessoalmente, me tornei contra esse tipo de relação. Estudando/trabalhando com informática acabo passando muito tempo no computador e consequentemente na internet. Acabei conhecendo muitas pessoas por orkut e afins. Fiz grandes amigos, amigos para uma vida toda, mas após o terceiro relacionamento romântico virtual, definitivamente não acredito mais neles. Amizade sim, amor não.

Tenho dois amigos que estão juntos a mais de um ano e começaram assim, por orkut e MSN, acho lindo o amor deles, mas deve ser exatamente como um raio cair no seu quintal, uma chance em um milhão de algo assim acontecer.

E agora que resolvi abandonar o mundo virtual e me aventurar novamente no mundo real, encontrei um outro problema. Conheci um garoto (lógico que já pensei se ele também troca "q" por "k") e, para minha surpresa, ele não tem orkut, nunca usou MSN e só usa internet pra assuntos de faculdade. Confesso que fiquei pasma e um tanto assustada, como irei falar com ele sem ser pelo MSN? Por onde irei ter informações do que ele gosta e não gosta sem ser pelo orkut? Pelo visto estou retornando aos relacionamentos arcaicos onde cada pequena coisa se torna uma surpresa, boa ou não, mas ainda assim surpresa. Estou de volta ao mistério, ao incerto e ao desconhecido. E, se querem saber, é realmente bom isso. Não mais "You've got mail" pra mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nem me fale de relacionamentos virtuais! >.< Argh! Pelo menos pra mim, não deu certo.

Ótimo blog, minha caipirinha com limão e gelo! *-*